segunda-feira, 14 de julho de 2014

Indicação de filmes: Inch´Allah e Ela

Pós Copa, sim, houve Copa. Normal, Brasil perdeu para as duas melhores seleções da Copa. Perder é perder, entre 1 e 7, o resultado é o mesmo - perder. Acontece. Acontece mais fácil quando teu time vai para o campeonato sem zaga e sem meio. Desespera quando o placar do campeonato é aberto com gol contra do teu time. O resto foi lucro. Mesmo jogando em média apenas 45min. (ou quase 45) dos 90, chegamos em quarto lugar. Para o que apresentamos, tá mais que bom. E ainda conseguimos não perder para a Argentina.
Após inúmeros e-mails enviados à administração deste Blog reclamando que não estávamos publicando indicações de filmes, seguem duas dicas (sim, as férias universitárias aqui vão até 11 de agosto. Oba!):
"Ela - uma história de amor", de Spike Jonze (2013), ganhador do Oscar melhor roteiro original (disponível em Locadora), vale a pena ser visto, especialmente para quem pensa no discurso como construtor de realidades (não é um filme político, ou é, mas do ponto de vista da política do indivíduo só):  num mundo pós-moderno, imensos edifícios, espaços arrumados, limpos, onde a predominância do discurso substitui muitas das relações sociais, perpassadas pela tecnologia, algumas pessoas começam a se relacionar com inteligências artificiais (sistemas operacionais capazes de "evoluir"), amizades, sexo, amor, e, algo que está lá "só para te servir". Isto seria o explícito, o visual do filme. Mas a discussão é mais além: o relacionamento é um negociocídeo tão complicado, que nem com o sistema operacional dá certo. O relacionamento anterior do protagonista é repassado, junto com fases pelo qual o novo relacionamento passa: a festa, a alegria, a (re)descoberta de lugares, o individualismo, a dúvida, a insegurança, a intolerância, o desencanto é o mesmo. Sensacional a atuação de Joaquin Phoenix como Theodore (um escritor de cartas que trabalha em uma empresa com esta finalidade), e sua amiga Amy (Amy Adams, também com excelente atuação), trabalham com discursos e sensibilidades e, como resultado, questionam como repetimos os mesmos erros, tanto faz se com ou sem a tecnologia. Ê humanidade difícil esta nossa. Valem ainda a fotografia e a música, sensacionais (nos dois sentidos da palavra).
Veja a música: The Moon Song
https://www.youtube.com/watch?v=HTOhtD3BedU


Inch´Allah, de Anaïs Barbeau-Lavette (2013), também premiado (Menção Especial no Festival de Berlim 2013) apresenta, com excelente atuação de Evelyne Brochu, Sabrina Quazani, Yousef Sweid, o poder de Israel (e seus apoiadores) sobre a Palestina, e questiona até onde seus valores lhe manteriam distante de uma ação armada. A história é de uma médica jovem que se envolve na vida familiar cotidiana de uma de suas pacientes e denuncia algumas das atrocidades que você pode até suspeitar que exista, mas não vê na mídia. Tem relação com a atualidade, faz pensar, e, mais que isto, provoca o pensamento crítico.


Dois filmes que saem do óbvio.

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