domingo, 16 de novembro de 2014

Eleições no Brasil, República do Paraná e Dilma (atualizado em 05-12-2015)

Cheiro de golpe, cara de golpe, discurso de golpe, o período pós eleição no Brasil precisa ser percebido com a gravidade que merece. O ódio de classe presente desde a eleição do Presidente Lula explodiu (no discurso da oposição, com eco na turma da desinformação) e fez voar rancor para todo o lado. Encontraram um terreno mundialmente fértil, cultivado pelo individualismo, a insegurança, o "vire-se". Mergulhado em crise (que é o estado natural do capitalismo), o poder e o dinheiro concentrado fazem suas vítimas - desde o estado de bem estar social até as jovens sequestradas na Nigéria - tudo está interligado, toda a exploração tem consequência, não adianta você pensar que "vai se safar" tirando de quem sempre perdeu (os mais pobres). Gente e instituições democráticas por todo o lado perdem. Perdem os pobres, perdem os trabalhadores, perdem os democráticos. Perdem as escolas, perdem os sindicatos, perdem os partidos. O louvor ao dinheiro e ao poder cegam. A manipulação da grande imprensa é tão responsável pela ignorância quanto aquele que se beneficia momentaneamente dela.
Onde foi possível ler que o "Dilma e Lula - eles sabiam de tudo" foi uma armação, atribuída a um depoimento que não foi dado? E as notícias do Estadão (isto mesmo, do Estadão) que informam as proezas da República do Paraná - a filiação ao PSDB (e as postagens desrespeitosas via Facebook) dos delegados da Lava Jato - ?
O Jornal Nacional "reconhece o erro" ao divulgar a notícia da Veja de que Lula e Dima "sabiam de tudo", uma vez que o suposto depoimento (que teria vazado) não existiu e, em nenhum outro depoimento, a suposição, divulgada como verdade, teria sido feita. Leia na integra:
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/12/jornal-nacional-admite-equivoco-em-denuncia-contra-dilma.html
E a Dilma, como governar com tanta dificuldade? Os partidos mais a esquerda, embora tenham tido uma ação fundamental no segundo turno, não contam com o apoio popular suficiente para garantir a este segundo mandato a manutenção "mais a esquerda possível" das políticas. É o filme "o exercício do poder" (Pierre Schoeller, francês) visto novamente, mudando apenas o cenário.
Estarrecedora publicação do Estadão sobre as postagens dos delegados da Lava Jato.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ministro-manda-investigar-delegados-da-lava-jato,1592354
Veja o pronunciamento de Dilma:
Pronunciamento de Dilma
Mais uma vez nos posicionamos: o governo mais honesto que este país pode ter é do Partido dos Trabalhadores porque qualquer irregularidade dará cadeia sempre, implacavelmente e, muitas vezes, injustamente (sim: injustamente porque é um peso que cai de um lado só, nunca a justiça é justa se aplicada a uma parte da sociedade e não ao seu conjunto).
Quem estruturou (condições de trabalho e concursos) a polícia federal? Quem implementou o portal transparência? Quem investiu na Petrobrás? Quem reestruturou a empresa? Quem insiste em dizer que há outra saída para a crise que não seja penalizando os mais penalizados da estrutura social? A resposta para todas as questões anteriores é - o Partido dos Trabalhadores.
Em 21 de novembro, cinco dias após esta publicação, Ricardo Semler, um tucano assumido publica na Folha:
Nunca se roubou tão pouco neste país

Um comentário:

ComTudo disse...

Olá professora,

Infelizmente não me surpreendo com o ativismo dos delegados federais. Esse movimento é fruto da intoxicação ideológica sofrida por nossa sociedade, especialmente a classe mádia, durante os 30 anos do regime midiático-civil-militar. Tivemos avanços significativos nos 11 anos, mas acredito que alcançamos o limiar das reformas consensuais. Elegemos o mais conservador legislativo desde o arena, somamos isso à classe média fascista que não aceita os avanços conquistados pela classe trabalhadora e, nas ruas, acena sem constrangimento para o golpe militar. O golpe já esta em andamento, vejamos a cobertura do caso Petrobras e da revista Veja. Já passou da hora dos movimentos populares e a Academia ocuparem seus espaços na nossa frágil, mas valiosa, democracia. É hora do governo apostar na correlação de forças para defender os interesses dos trabalhadores e avançar nas conquistas sociais. Parabéns pelo texto e pela luta, a Academia também precisa tomar parte da hitória, ajudar a escrever a nossa democracia e não só viver de narrativas, de observadora.