segunda-feira, 20 de junho de 2016

Festival da UTOPIA (Maricá, RJ, 2016) e Fórum Social Mundial

Em meio ao tiroteio político entre fascismo e democracia, uma novidade acontece por terras fluminenses: Maricá promove o Festival da Utopia. Trata-se de uma prática milenar para resolução de problemas: compreendê-los melhor e, por meio de uma conversa decodificadora, criativa e liberada das amarras, sejam cientificistas ou institucionais, imaginar outro mundo possível - na proposta de Maricá - outro horizonte possível.
O Fórum Social Mundial, definido por Boaventura de Souza Santos (*) como utopia crítica, foi realizado em 2001 (Porto Alegre, Brasil) com o objetivo de articular políticas, estudos, propostas que se contrapunham à globalização neoliberal. Nas primeiras edições (2001, 2002 e 2003), com forte participação da Frente Popular (Partidos de esquerda que se alinhavam ao PT na Prefeitura de Porto Alegre e Estado do Rio de Grande do Sul), o Fórum divulgou algumas propostas concretas para redução da desigualdade no planeta: taxa Tobin (taxação do capital financeiro); taxação das grandes fortunas; etc.
De fato, ao bater asas e se tornar itinerante (2004, Mumbai,Índia; 2005, Porto Alegre, Brasil; 2007, Nairóbi, Quênia; 2009, Belém, Brasil; 2010, descentralizado e 27 locais;  2011, Dakar, Senegal; 2012, Porto Alegre, Brasil), o FSM aposta em sua capacidade de existir sem uma de suas âncoras: governos de esquerda que poderiam comprometer-se com a aplicabilidade de suas propostas. Viaja hoje sobre mundo (no mundo, talvez) e, visitando o site do movimento FSM, não consegui descobrir sequer quais seriam os participantes do Comitê Internacional. Parece-me que o FSM, ao assumir sua liquidez, independência, polifonia, que são características contemporâneas de uma sociedade alter mundialista, não censuráveis, perdeu sua capacidade de comunicação e elaboração de políticas que possam ajudar a esquerda mundial a tentar responder com alguma possibilidade de governo diante das novas vitórias do capitalismo: enfraquecimento dos governos nacionais e individualidade avançada (ideologia que se sobrepõe aos sujeitos sociais/coletivos).
Maricá, cidade em que o Prefeito é Whashington Quaquá/Partido dos Trabalhadores, realiza um grande evento. Para uma cidade que ousa a experiência do transporte público gratuito, trazer o movimento epistemológico, político, social que o FSM tinha como orientação, para discutir outro viver possível é mais que necessário. A cada ano, os Relatórios de Desenvolvimento Humano e as notícias das guerras, do avanço do fascismo, da crise crônica e insuperável do capitalismo, nos ameaçam a vida, a solidariedade, e, sobretudo e especialmente, no Brasil, hoje, a democracia. É um evento para não se perder (de ir, mas também de comprometer-se com a aplicação prática dos caminhos necessários a alimentar nossa utopia coletiva por uma sociedade melhor).
Veja a apresentação, os participantes e a programação do evento aqui:
Festival da Utopia em Maricá - Rio de Janeiro
Nos encontramos na Abertura: dia 22 de junho, 9h.
Esta será uma boa semana na luta.
E, lembrando, primeiramente, #ForaTemer.
(*) SOUSA SANTOS, Boaventura. O Fórum Social Mundial: Manual de Uso. São Paulo: Cortez Editora. 2005.

Nenhum comentário: