domingo, 27 de novembro de 2016

Filme Elis: imperdível - música, ditadura e paixão

Quem já esteve em um ônibus carregando a expectativa de chegar em um lugar onde realizaria seus mais desejados sonhos, se identifica na primeira sequência do excelente filme "Elis", que acompanha a vida da cantora gaúcha desde a chegada ao Rio, em 1º de abril de 1964  (dia em que se instalou o penúltimo Golpe no país), até sua derradeira angústia, paixão e desespero. De uma forma alegre e deliciosa, o filme mostra a capacidade de uma Elis determinada e forte, em ouvir, construindo-se como cantora. O diretor Hugo Prata vai conduzindo na tela uma história densa e de sensivelmente leve: as aprendizagens e as conquistas de uma pessoa que não tinha em seu alcance o convívio com os nomes feras da música e da cena artística do eixo Rio-São Paulo, e que vai entrando nesse mundo, "vivendo o que nunca viveu", parodiando o poeta, até chegar tanto no casamento com o homem de sua paixão, quanto à consagração de seu talento, no Olympia, em Paris. O filme é todo delicioso, os personagens não são apresentados de forma maniqueísta, separados entre bons e ruins, o roteiro vai trazendo a vida como ela é, e olha que um dos personagens é o Bôscoli. O elenco é impecável e Andréia Horta perfeita em cena. No pano de fundo, a Ditadura Militar, as disputas entre o samba, a bossa nova e a MPB. Os erros e acertos avaliativos de todos, incluindo gênios brasucas do mundo da arte musical. Um filme sobre arte e com arte de qualidade: as músicas, a interpretação, o regaste histórico. Ao final da sessão, aplausos e a sensação de que a arte nos dá a dimensão de um mundo muito maior.
Além da vontade de gritar "Fora Bolsonóides", nas passagens com Henfil e os militares, merece, além dos aplausos, um "Fora Temer" ao final, aliás, a música escolhida para acompanhar os créditos faz isto e nos lava a alma.
Mais informações:
Dados técnicos do filme - Site Adoro Cinema
Trailer:
Filme Elis - trailer oficial

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