quinta-feira, 20 de abril de 2017

Desafios extraordinários da democracia - próxima reunião do GEPAC

Quem assistiu o filme Capitalismo, Uma História de Amor, dirigido por Michael Moore (2009) deve lembrar do memorando do City Group, onde os mega acionistas eram alertados sobre o que seria, na opinião dos analistas do Banco, a maior ameaça da época: "uma pessoa = um voto", representada pela ideia de democracia moderna.
As políticas neoliberais (globalizantes) que esmagam os estados nacionais, associadas aos pequenos(*) escândalos de corrupção que passam a ser conhecidos pela população e insuflados pela mídia (tão empresarial e corrupta quanto os corruptores envolvidos nos escândalos) atingem a população comum (aquela que não é a corruptora) abalando a credibilidade da política partidária, assentada na ideia do voto. Será que isto é apenas uma consequência comum de uma casualidade?
"Para que votar?" (pergunta-se o povo instruído pela mídia) já que "os políticos são todos corruptos"... Ou "tanto faz em quem votar, eles chegam lá e não fazem nada pelo povo"; ou ainda "para que pagar impostos, se todo o dinheiro é roubado pelos políticos safados"... E assim a defesa da pauta oligárquica, empresarial (corruptora) e elitista: menos estado, menos imposto, menos votos, menos poder político partidário...passa a ser feita por aqueles que mais precisam do estado, dos impostos e de um sistema político partidário estruturado, lhes possibilitando acesso ao desenvolvimento do pensamento crítico e do poder de classe.
Ora, se "qualquer Partido fosse fazer a mesma coisa quando chegasse no poder", não haveria tanto empenho em conquistar o poder (do estado), mesmo que de forma ilegítima (sem voto e apoio popular) e  inviabilizar governos que se comprometem com pautas em defesa dos direitos sociais e das riquezas nacionais (Grécia, Honduras, Paraguai, Brasil, ...)
Embora possa parecer pouco, frágil ou vulnerável, mesmo a democracia representativa e moderna, baseada na premissa uma pessoa = um voto, se apresenta, para os que tudo tem e a todos controlam, extraordinariamente ameaçadora. Qual a potência dessa ameaça?
Pois nosso grupo de pesquisa, na próxima reunião do GEPAC (05 de maio), vai discutir sobre o Golpe no Brasil e suas consequências para a democracia também na escola.

Indicamos a leitura de dois textos do Livro Por que gritamos Golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil, Boitempo, 2016
1. A luta por uma educação emancipadora e de qualidade, de Tamirez Gomes Sampaio
2. Da tragédia à farsa; o golpe de 2016 no Brasil, de Michael Löwy 

(*) "pequenos" porque, embora a imprensa os trate como avultantes, assustadores ("nunca antes na história desse país se roubou tanto"... e coisas do gênero), de fato, a corrupção é pequena se comparada à exploração do trabalho de muitos por poucos detentores dos meios de produção e comunicação, espionagem e poder, que são a base do capitalismo.  Todos os escândalos de corrupção são nada, se comparados com a base que sustenta o próprio sistema, a espoliação, a concentração de renda e poder e a miséria de tantos.